domingo, 24 de janeiro de 2016

A Roda do ano, como nós a utilizamos.

A Roda do ano, como nós a utilizamos.



A Roda do ano, como nós a utilizamos

Uma das primeiras observações de nossos ancestrais foi a passagem dos ciclos naturais, as mudanças das estações que, inegavelmente estavam ligadas à sobrevivência dos clãs. Com a observação das alterações naturais, dos ciclos lunares e posteriormente das épocas de plantio e colheita, surgiu na mente dos povos antigos a ideia de comemorar essas mudanças no sentido de preservá-las e garantir a sua continuidade. Não podemos nos esquecer que tanto a Natureza quanto o Homem estão intimamente ligados e que para o paganismo não existe separação entre eles. Celebrar os ciclos naturais não era apenas um modo de mostrar gratidão pelas dádivas recebidas, mas um modo de, magicamente, fazer e assegurar com que o poder dos Deuses continuasse fluindo por sobre o mundo. 

Na nossa visão pagã, o rito assegura a continuação do processo natural, o que é totalmente diferente do pensamento religioso ocidental judaico-cristão, no qual o Homem é impotente diante das forças naturais e divinas. Esses ritos de passagem e transição são marcados na Wicca pela Roda do Ano, os oitos festivais sazonais, divididos em Sabás Maiores e Sabás Menores. Os Sabás Maiores comemoram a passagem do ano celta e são mais recentes. Os Sabás Menores comemoram os solstícios e equinócios e remontam a épocas muito recuadas no tempo. Todo o mito da Roda do Ano está focalizado nas figuras da Deusa e do deus, que representam a essência do ciclo da Natureza. A Deusa é a própria Terra, mãe de todas as dádivas naturais. 

O Deus é a Manifestação do Sol que fecunda a Terra. Quando falamos de Roda do Ano, nos vêm à mente uns perenes movimentos cíclicos de nascimento, crescimentos, morte e renascimento. Em outras palavras, crescimento e declínio, seguido de novo crescimento. Para compreendermos as marés cíclicas do ano, comecemos a observar a Roda a partir da época de crescimento.

Assim, os oitos sabás são: Yule, Imbolc, Ostara, Beltaine, Litha, Lammas, Mabon e Samhain. Yule comemora a noite mais longa do ano e é um Sabá de renascimento. Acontecem no Solstício de Inverno, o auge do inverno e conseqüentemente o início do período de crescimento. É em Yule que a Deusa dá nascimento ao Deus, o início do ciclo vital onde a terra começa a sair da longa noite de recolhimento invernal. A Deusa torna-se novamente uma criança junto com o Deus. Ela perde a característica da Mãe e assume a fragilidade tenra de tudo o que é novo. Em Imbolc, o Sol finalmente se mostra e os primeiros raios de Sol mal começam a aquecer a terra. 

No hemisfério norte, o gelo começa a derreter, descobrindo a terra após um longo período de desolação. Em seguida aproxima-se a primavera (Ostara) e o Sol torna-se mais forte, sendo visto por mais tempo no céu. Surgem as novas flores e a fertilidade da terra torna-se visível. A Deusa e o Deus são adolescentes, e seu impulso sexual trará a paixão, o amor e a continuação da natureza. Época do plantio e de cultivar os campos. A Roda gira e quando o verão se aproxima (Beltaine), as sementes estão germinando. A Deusa e o Deus estão prontos para se unirem e seu casamento é consumado. Em Litha, no auge do verão, tanto o Deus quanto a Deusa estão na plenitude da sua força. A Deusa guarda no seu ventre a criança divina, preparando-se para tornar-se mãe. O ocaso se segue ao apogeu. O outono se aproxima e em Lammas as primeiras colheitas são realizadas. 

Os dias tornam-se mais curtos e com as colheitas os frutos do ventre da Deusa são distribuídos. O Deus torna-se aos poucos cada vez mais velho, e à medida que sua sabedoria cresce seu vigor decresce. Em Mabon o outono chega por fim, prenúncio do inverno e das derradeiras colheitas. O calor do Sol diminui e os frutos da sobrevivência serão armazenados para a longa noite. À medida que a escuridão aumenta, a criança no ventre da Deusa é o próprio Deus, que ali cresce enquanto sua força diminui sobre o mundo. Esse é o grande mistério na Wicca, que assegura a manutenção do eterno ciclo de Vida, Morte e Renascimento. Samhain abre as portas para o inverno e a Deusa, cada vez mais fraca, recolhe-se para dar à luz a Criança da Promessa. O Deus morre e as trevas caem por sobre o mundo. Assim, da mais profunda escuridão nascerá à nova luz que trará um novo recomeço. Yule retorna e a Deusa dá à luz ao Deus, aquele que futuramente será seu consorte e que novamente engendrará a si próprio.
Este é o grande Mistério iniciático na Wicca. 

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